segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Governo para dois anos…

Há muito que não via um anúncio de governo tão macambúzio como este. Estamos de novo perante o velho “baile de cadeiras” e os sinais não podiam ser piores. De facto, a solução PS está mais que acabada. Não lhe dou 2 anos de vida e, tendo em conta o actual figurino legal, aposto que César vai mandar tudo às urtigas daqui a muito pouco tempo. E ao contrário dos pseudo-comentadores profissionais que temos, aposto que César vai querer fazer exactamente a mesma “maldade” que Mota Amaral cometeu.
Não é aceitável que se insista no mesmo modelo de governação. Não que as eleições não lhe dêem razão – César voltou a ganhar com maioria absoluta – mas esperava-se mais que isso ao nosso “comandante”. Esperava-se, por exemplo, que começasse a incutir o modelo do mérito, desenvolvendo especialistas em diversas áreas e premiando os melhores com cargos de gestão pública. Fez exactamente o contrário – e isso, a meu ver, é uma espécie de crime político que os açorianos não merecem.
Não se compreende que um secretário que esteve à frente da Educação passe agora para o Ambiente. Se esta é que é a sua área de especialização académica, o que fez ele durante 3 mandatos na Educação? É como eu costumo dizer às minhas filhas: se é para dizer disparates, antes ficar calado!
Vasco Cordeiro já esteve na Agricultura, já esteve nas Generalidades e agora vai para a Economia. Será ele o economista indicado? Certamente que não. O sinal que fica é, realmente, que qualquer um ocuparia aquele lugar.
APMarques na Solidariedade Social. Será mesmo? Não sei; já trabalhou na administração do Instituto de Acção Social mas será que isso lhe dá uma grande capacidade nesta área? Não penso. De qualquer maneira, ainda bem que saiu do Ambiente. Mas cá está: a prova da política errática que vem sendo seguida.
A Saúde e a Educação (que raio de “autonomização” é essa de que estão para aí a falar?) mereciam dois secretários de peso. Ao contrário, receberam dois desconhecidos que independentemente das suas qualidades humanas deixam uma imagem política de “paus mandados”. Ambos parecem ser sobretudo “organizadores” – não pensadores com visão. É óbvio que só o futuro dirá do resultado do seu trabalho, mas não é de esperar muito pior do que já está. Nem melhor…
Em política o que parece é. E o que parece é que César só conseguiu colocar de pé um governo fraco e cansado antes mesmo do jogo começar. Fê-lo de propósito? Talvez, mas talvez seja um reflexo da pouca confiança que já tem em quem o rodeia. E se for isso, aposto que este Governo não se aguenta dois anos.
Porque a verdade é esta: independentemente do partido que ele sustenta e que o sustenta a ele, o cargo de Presidente dos Açores acarreta consigo uma consciência, uma nobreza e uma visão macro que não se compadece com as minudências partidárias. E estou certo que muito em breve o peso histórico do cargo acabará por falar mais alto. Nesse dia, tal como aconteceu com Mota Amaral, César vai olhar à sua volta e tomar a opção mais nobre.
Cá para mim, dou-lhe dois anos…

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