quinta-feira, 10 de abril de 2008

Crime: a culpa é de Lisboa?

Mui convenientemente, o Presidente do Governo acusou ontem o Governo da República pelo aumento da criminalidade nos Açores – uma tendência que se vem verificando nos últimos anos, embora aparentemente só agora seja reconhecido pelas entidades oficiais. Só agora, recorde-se, quando perceberam que os argumentos de que, ou era alarmismo de jornalista ou era questão de psicologia, já não colhem entre a população.
A isto chama-se mau governar: uma tendência com 8 anos que só ao oitavo é enfrentada, demonstra uma lentidão de actuação digna de nota. Mas também vem mostrar as virtudes da nossa "autonomiazinha": quando a situação sai de controlo, culpa-se o pai nacional...
Mas nem a culpa é principalmente do Estado, nem a solução é exclusivamente policial. É que a ter em conta o número de "camas" prisionais que temos e a sua elevadíssima "taxa de ocupação", a realidade é que as autoridades policiais têm conseguido fazer bem o seu papel: temos, per capita, uma das maiores populações prisionais do país…
O problema é outro: aparentemente produzimos é bandidos a mais… E isso é uma consequência directa do falhanço das políticas sociais que temos – e que são da exclusiva responsabilidade regional. Mas isso não convém dizer. É mais fácil culpar José Sócrates e sacudir a água do capote, atirando mais alguma areia aos olhos dos açorianos – que por esta altura já se habituaram, e se calhar até já gostam… Pode funcionar em termos propagandísticos – e estou em crer que realmente funciona – mas não deixa de ser baixa política e uma descarada mentira (ou "inverdade", como muitas vezes eles preferem dizer)!
Na realidade, as acusações de César à República apenas demonstram que os políticos regionais não têm a mínima ideia como resolver o problema da criminalidade na Região. Neste caso, poderão sempre dizer que é por… falta de competência!

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