quinta-feira, 3 de abril de 2008

Pluralidade noticiosa

O relatório do Plano de Avaliação do Pluralismo Político-Partidário no Serviço Público de Televisão, emitido pela Entidade Reguladora da Comunicação Social – que demonstra a desproporção de notícias emitidas entre o PS/Governo e o resto da oposição – penaliza mais uma vez os Açores ao demonstrar um desequilíbrio superior ao da Madeira e continente. Mas mais do que apontar o dedo à RTP-A, é o próprio estado da democracia que está em causa.
Desde logo, a "cisma" que o PS /Governo tem com a comunicação social: apesar de 70% do noticiário político ser seu, como demonstra o relatório, ainda recentemente protagonizou um episódio lamentável por a RTP-A não ter coberto um jantar-comício. E não estamos a avaliar o peso que este tipo de notícias tem nos noticiários – nos jornais é ainda mais evidente, fruto de uma enorme máquina propagandística que dá pelo nome de GACS e que é caso único nas democracias ocidentais.
Mas mais importante ainda é a radiografia do nosso modelo eleitoral que o relatório da ERC permite. Na Madeira do "ditador" Jardim, a Assembleia Regional tem neste momento 7 partidos representados – enquanto que nos Açores apenas temos 3. Lá o problema é os pequenos partidos terem "voz a mais" (tanto que já se começa a discutir um novo Regulamento da Assembleia que garanta o peso eleitoral real de cada partido). Cá os pequenos são inexistentes e assim continuarão até elegerem algum deputado – coisa que poderá ser impossível com o sistema eleitoral que temos (e a última revisão não garante rigorosamente nada a este nível).
É por aqui que passa a análise da concentração de notícias "oficiais" – e não pelas críticas ao modelo que foi adoptado pela ERC, que na prática é, de novo, resposta de mau perdedor. Na realidade, enquanto não houver mais vozes na Assembleia, não as haverá nos telejornais…

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