quarta-feira, 16 de abril de 2008

Cuidado com as promessas...

Terminado o passeio milionário a Cabo Verde, o balanço deixa-nos apreensivos. Não por todos os objectivos que foram descortinados – que no papel são deveras interessantes -, mas pelos próprios caboverdeanos que, sem um país e uma Europa que os suporte, poderão acabar por ser vítimas dos intuitos cristãos do nosso governo.
Aliás, qualquer analista pode ficar apreensivo como é que uma região que tem ainda carências tão grandes (pelos padrões europeus) no seu próprio território, se lança numa aventura internacional deste calibre. Os caboverdeanos devem igualmente meditar se os Açores terão realmente alguma capacidade para cumprir o que andaram a prometer.
Dentro dos Açores, mais uma vez não se ouviram vozes independentes que contribuíssem para o enriquecimento da iniciativa governamental. É, obviamente, um sinal de que alguma coisa não vai bem ao nível civilizacional cá dentro, mas sobretudo é a garantia que metade dos propósitos não foram cumpridos: quando César dizia que a visita era "uma marca indelével no relacionamento dos governos dos Açores e de Cabo Verde, bem como dos respectivos povos", bem que pode ir riscando a segunda parte...
É evidente que em termos teóricos este tipo de relacionamentos é sempre positivo – especialmente se conseguíssemos cumprir. E é aí que fico com as muitas dúvidas, até porque a qualidade do que foi feito nos Açores nas diversas áreas abordadas é, no mínimo, muito discutível. No papel, dizer que se vai apoiar Cabo Verde na Educação e Formação Profissional, na Agricultura e Meio Ambiente, na Saúde e Assuntos Sociais, na Protecção Civil, na Defesa do Consumidor e no Ordenamento do Território pode parecer muito interessante – não estivéssemos nós próprios confrontados com problemas gravíssimos em todos eles.
Acima de tudo, convém não desviar a atenção do que é realmente preciso fazer cá dentro…

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