quarta-feira, 16 de abril de 2008

ENTREDENTES

Oops, então José Sócrates também é responsável pelo aumento da criminalidade nos Açores – uma tendência que já se verifica há 8 anos, mas que não tem nada a ver connosco: é importação. Que rica maneira de se descartar das responsabilidades… Mas também demonstra uma outra visão que é muito original: o problema tem apenas a ver com a falta de polícias. Curioso, sem dúvida, apesar de termos mais presos per capita que o resto do país, César (e os restantes políticos convencionais, diga-se de passagem) quer mais. Não sei, sinceramente, mas pensar que mais polícias, por si só, resolve o problema, é acreditar na galinha dos ovos de ouro. Bem, quer dizer, César tem provas que ela existe…

Mas Cabo Verde deve ter qualquer coisa de estranho. Não é que o Presidente agora quer que os açorianos – tesos como são – vão investir para aquele arquipélago? É o que se pode chamar de "internacionalização da autonomia" – ou, mais à moda de cá, de "Autonomia Internacional" (ou "Macaronésica", embora esta possa parecer piada)… Quer dizer, cá dentro anda a pedir que venham de fora investir nos Açores – e paga aquelas excursões aos norte-americanos; lá fora quer que os tesos dos nossos empresários vão lá investir. Não sei, não, mas se começasse a fazer umas perguntinhas sobre a "economia real" que cá se vive, talvez percebesse que eles foram lá todos não foi para verem onde investir – foi para aproveitarem as férias à borla…

E para terminar com este ciclo de Cabo Verde, mais uma calinada: César a criticar "os de esquerda" por apontarem o dedo aos mega lucros da banca. Quer dizer, já não é só o PS que não é dos socialistas – pelo menos não é só, como quer o líder –, agora é o próprio César que não gosta de esquerdices. Resultado, à pala de tentar converter social-democratas, populares e sabe-se lá mais o quê, acabou sendo ele o convertido. Oh, Deus meu, se ele ao menos soubesse estar calado… Está bem que os bancos ganhem qualquer coisa, mas tanto que paguem fortunas aos seus administradores acho difícil de acarinhar. Enfim, é o que está a dar!

Já agora, será que a famosa "polícia municipal" vai resolver alguma coisa? Talvez, não sei. Mas o que sei é que as suas atribuições são sobretudo "fiscais" – passar umas multas aos carros mal estacionados, proibir namorados de se beijarem nos jardins e coisas do género. É verdade que terão a vantagem de retirar as actuais forças policiais "a sério" dessas funções – o que já não é mau – mas cheira-me que a criminalidade não vai baixar por causa deles. O que vai aumentar é a despesa corrente – a segurança, talvez nem por isso…

Esta nova "guerra do leite" é um bom imbróglio, sim senhor, mas tenho cá as minhas dúvidas se o boicote aos produtos da Bel irá ter algum resultado. Quer dizer, não terá, porque o mercado local é quase residual – e ainda estou para ver qual será o açoriano que se embalará nestas cantigas do "interesse açoriano". Cheira-me que poucos. O problema continua a ser o mesmo: a hiper-dependência ao leite é perigosa e o mais correcto neste momento não é aumentar a quantidade de leite mas sim baixar os factores de produção. É, de resto, o que a Bel está a fazer…

Em relação à Unileite, só espero que os seus administradores saibam o que estão a fazer, porque a verdade é que este é um momento propício para aumentar a sua quota no mercado da produção. Não será por causa de uns prejuisozitos com a Prolacto que a porca torce o rabo – só pode acontecer é que os lavradores não venham a receber dividendos no final do ano. Não creio que seja suficiente, mas pelo menos mantenham a ideia de que a moda dos "preços de Verão e de Inverno" é história: o leite até pode vir a baixar, mas não será por ser Verão… De qualquer modo, nunca esqueçam ditados velhos como a vida: é na poupança que está o ganho…

Já sabemos que as polícias e os tribunais têm o seu vocabulário próprio, mas há expressões que, quando são passadas para o exterior, mereceriam algum tratamento. É o que aconteceu com os últimos traficantes apanhados em Ponta Delgada, que tinham consigo "uma avultada quantia monetária do Banco Central Europeu"… Seriam euros? Provavelmente. E quando forem dólares, será uma quantia monetária da Reserva Federal Norte Americana? Talvez – mas não havia necessidade, até porque as quantias monetárias do Banco de Portugal já não têm qualquer valor…

Esta coisa de ir aos fóruns para deixar no ar perguntas – como aconteceu com o governo no caso do Fórum da Criança sobre a Internet – é uma moda que já devia ter passado. Mas que se mantém sabe lá Deus porquê (embora eu tenha cá as minhas suspeitas que terá qualquer coisa a ver com o facto dos perguntadores não saberem as respostas…) Bom, mas então é assim: como ter crianças responsáveis se os pais não o são? Não sei – essa é difícil, mas é porque a resposta é muito óbvia. Agora esta: como manter as crianças seguras na Internet se os pais não percebem nada disso? Fácil: é preciso atraí-las para actividades que queremos que sejam a referência mais saudável. Claro que isso é uma missão do Governo, mas o que fazer se ele se demitiu dessas funções? Não sei, é uma pergunta difícil de responder – mas, de novo, pelo óbvio da resposta…

Criou-me alguma estranheza a notícia de que um alegado complexo hoteleiro a ser construído na zona da Praia do Pópulo poderia ameaçar um alegado património do século XVIII. Olhem, faz-me lembrar a Fábrica de Baleias dos Poços de S. Vicente – só que totalmente diferente: ali, via-se o património mas ninguém se importou e ele desapareceu; aqui não se vê o património mas já há quem o defenda… Dou um conselho aos promotores da ideia – e aos responsáveis pelo turismo e ambiente: se aquilo é património, por que raio é que não está já tratado e bem apresentado? Enfim, é mais uma que vai desaparecer – começa a ser hábito: cheira-me que daqui a uma ou duas gerações vão achar que éramos uns papalvos monumentais!

E uma imperdível: então a SATA está a estudar a privatização dos Transportes Aéreos de Cabo Verde? Deve ser para aprender como os caboverdeanos andam com os ATR...


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