segunda-feira, 7 de abril de 2008

ENTREDENTES

De facto, o modelo de Saúde nos Açores é mesmo só de Urgências. E cá vem mais uma: o Governo vai pagar 15.500 exames complementares de diagnóstico na área da imageologia (ecografias, mamografias, TAC’ e exames de ressonância magnética). Não, a sério, estamos condenados a este modelo – e graças a Deus que temos eleições de 4 em 4 anos. Noutra região qualquer isso seria uma solução de recurso, tendo em conta que deverá ser bem mais cara (afinal de contas, os privados cobram a sua taxa de lucro…), mas como isto cá dá superavit, estamos bem. O pior mesmo é que não encontraram solução nenhuma definitiva – mas daqui a uns anos volta a haver eleições…

A última teoria que circula sobre a decisão da SATA em comprar aviões da Bombardier – sem comparticipações da União Europeia – tem a ver com o que se pode chamar de "método preparatório para uma privatização irrecusável". Reza assim o cenário: compra-se caro à Bombardier, iniciam-se rotas que não dão lucro, depois começa-se a dizer que se tem um buraco negro e que é preciso dinheiro para o tapar. O Governo vem de seguida, diz que é preciso resolver a questão – porque "o povo" não pode ser responsabilizado pelas "distorções do mercado" – e mete a coisa à venda. Aparece uma empresa interessada, vende-se aquilo por menos que o passivo e está feito… Será que é mesmo assim? Só o tempo o dirá – se o bom senso não o desmentir…

Os do Governo voltaram a picar-se com o relatório da Entidade Reguladora da Comunicação Social – que agora veio provar que também nos tempos de antena dos telejornais o PS/Governo detém quase 70% das notícias de cariz político. Logo a seguir veio a RTP-A dizer que não tinha nada a ver com isso e que se limitava a fazer o seu trabalhinho. Não duvido: isto cá para mim é apenas demonstrativo da avalanche de notícias que o Governo gosta de emitir – e como é sempre muito difícil discernir o líder do PS do Presidente do Governo, é o que a ERC viu. Também quem é que manda a RTP-A (e nós todos no geral) andar a seguir as inaugurações de canadas e casinhas? Habituaram mal o poder – mas ainda vão a tempo de o desabituar…
por falar em quotas, gostaria apenas de lembrar aos fanáticos defensores do Governo que hão-de reparar que só se fala em quotas nos lugares onde elas são necessárias – ou, por outras palavras, nos sítios menos desenvolvidos. Ou seja, ao falar de quotas para as notícias, a ERC está a passar um atestado de "menoridade democrática" aos Açores – e isso não é uma responsabilidade de Mota Amaral (pelo menos não apenas), também é vossa. Pois, é mais um sinal dos Açores que temos em movimento…

Já agora, qual o modelo correcto para a relação da comunicação social com o Governo? Elementar, caro Bobby: uma vez por dia, a uma hora determinada, o Presidente, ou um seu representante, põe-se a modos – que é como quem diz, dá uma conferência de imprensa, onde fala do que lhe apetecer e responde ao que os jornalistas quiserem. Pode falar das tais obras das canadas, com certeza, e responder sobre questões da SATA, já se sabe, no que é a sua posição oficial. Assim ficava tudo mais clarinho e, curiosamente, ainda se poupavam uns bons cobres com essa coisa do GACS… Pois, mas se calhar é avançado demais, não é?

Ou estive desatento, ou este aniversário (o 462º) de Ponta Delgada passou assim meio despercebido, tendo a marcá-lo apenas a inauguração de uma rotunda – importante para quem a usa, sem dúvida, mas convenhamos que é um modo original de celebrar uma efeméride destas. Não defendo que se fizesse uma festa com fogo de artifício, mas penso que estes aniversários devem ser sempre comemorados como forma de manter acesa a nossa cidadania –uma espécie de balanço do nosso desenvolvimento. É importante!

César diz que quer continuar a chamar independentes para o Parlamento e para o Governo numa de abrir o PS à sociedade. Dito assim até podia parecer que se tratava disso mesmo, mas tendo em conta o que o PS é hoje, cheira mais a que a primeira leva de "socialistas novos" não está a agradar ao chefe. Diga-se de passagem que com razão – pois na verdade não há muitos que se aproveitem. De qualquer modo, tendo em conta o que aconteceu no passado, a esta estratégia mais se poderia chamar de "nova campanha de angariação de sócios": acho que não houve um único independente que tenha resistido à tentação de ser filiado. É que para além de dar milhões (não dá tanto, mas pelo menos "mexe-se" com milhões e fica-se com um bonito emprego) também não custa tão caro como um divórcio quando o momento chegar… Um ligeiro conselho: desta vez, que escolha melhor os novos futuros socialistas – pois há uns que claramente não aprovaram…

O Governo decidiu agora aumentar as obrigações da Bolsa de Emprego Público dos Açores – levando a que as alterações das relações laborais também sejam publicitadas. Tudo bem, mesmo que já o pudessem ter previsto quando ela foi criada – que não foi assim há tanto tempo, pouco mais de um ano –, mas talvez pudessem começar por pôr a funcionar o que lá têm: é que consegui saber quem trabalha para o Governo, mas quando quis ver o vínculo existente – através dos "despachos de afectação" – fiquei foi a ver navios. É que há lá nomes que eu não sabia que faziam parte dos quadros da função pública e fiquei curioso…

Esta semana houve um prémio que me levou a pensar que César não esquece os amigos – pelo menos alguns. E decidiu dotar o Fórum Açoriano do estatuto de utilidade pública. Oficialmente é uma "associação cívica criada há 15 anos em Ponta Delgada para promover a reflexão e o debate sobre temas políticos, sociais e culturais, no quadro do aprofundamento da democracia" – cá para nós tinha outro objectivo que ditou o seu quase eclipsamento nos últimos 12 anos: fazer eleger o PS. Enfim…

Esta da demolição da antiga Fábrica das Baleias dos Poços de S. Vicente é um retrato claro da forma como o turismo é gerido nos Açores: vende-se no exterior beleza e cultura – mas cá dentro vai-se dando cabo de tudo. A culpa nem é toda do BCA – agora Banif – mas o facto é que em qualquer outro sítio que queira desenvolver turismo de qualidade esta estrutura há muito que teria sido recuperada. Cá não, olha-se indiferentemente para isto tudo e deixa-se as coisas apodrecerem. Está-se mesmo a ver que vão dar cabo do que resta dos Poços – e em seu lugar nascerá um gueto moderno qualquer. Até mete medo!

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